exhibition

Texto Curatorial
Em “Aquilo Que Vejo” o artista mergulha nas complexidades da autoimagem, explorando as interseções entre o indivíduo, o espelho e o celular. Este corpo de trabalho representa uma evolução desde a sua última exposição, centrando-se em questões fundamentais relacionadas à identidade, autoaceitação e a influência das redes sociais.
A temática explorada neste conjunto de pinturas transcende a mera representação visual, adentrando no cerne da cultura contemporânea, sustentado pela sociedade do espetáculo e pela autopublicidade. Este corpo de trabalho reflete a incessante influência da cultura digital na autopercepção de uma geração, por meio do qual o artista, em um ato de coragem e sinceridade, enfrenta seus conflitos pessoais relacionados à autoimagem e suas inseguranças. A exposição oferece uma reflexão sobre o impacto das redes sociais e da pornografia na construção da identidade, especialmente no contexto homem-gay dentro da comunidade LGBTQIA+.
Ao recriar uma selfie de si próprio, o artista convida o espectador a explorar a dualidade entre o que se é, o que se sente ser e o que se mostra. Sua estética expressionista, em diálogo com o surrealismo de Magritte, proporciona uma experiência visual intensa e provocativa.
Desafiando os estereótipos de beleza, o artista afasta, pelo menos em parte, a idéia de que o conjunto das obras é sobre retratar a sexualidade de um homem “padrão-sarado”. Ao invés disso, notamos a opção por retratar um corpo diverso, por meio do qual o artista mergulha em questões mais profundas da imagem corporal, trazendo à tona que a sensuaidade está presente em todos os corpos. Este trabalho visa desencadear reflexões sobre a representação na era digital, sem focar exclusivamente na sexualidade, mas explorando a complexidade da autoaceitação.
Ao explorar a interconexão entre o indivíduo e a tecnologia, estas pinturas oferecem uma narrativa única sobre o modo como nos percebemos e nos apresentamos ao mundo. O artista, ao despir-se emocionalmente e desafiar normas estéticas, convida o público a questionar suas próprias concepções de identidade na era contemporânea.
Carlos Raffaeli